quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

SOS VILA MANCHINHA

Literatura infantil. Uma emocionante historia envolvendo a luta de uma turma de amigos por um ambiente saudável e por mais consciência política em uma comunidade de periferia.
Encomendas de exemplares: 55 91034159 com Magnus.
E-mail: magnus29@ig.com.br ou esquadraoambiental@gmail.com

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Intangibilidade

Primeiramente foram alguns dos mais afastados e rebeldes, que pouquissimamente buscavam o saber das aulas, e muito ansiavam por divertimentos cruéis e barulhentos. Sentavam-se ao fundo da sala, eram deveras hostis, apresentando muitas dificuldades de trato para mim e para meus colegas professores do Liceu Lucas Martin.


Passaram porem, da mais aberta e absoluta hostilidade, e da quase agressão, para um cada vez maior, inescrutável e impávido distanciamento.

Respondiam meus questionamentos, resolviam os exercícios, de forma que primeiramente pensei até numa súbita melhora e maior aplicação aos estudos por parte daqueles pariazinhas. Porem junto com isto veio aquela indiferença, aquele olhar e aquela atitudes de como se estivessem sozinhos executando algo que lhes dera na veneta e olhando, quando necessário não para mim, mas através de mim como se visualizassem um mundo inacessível para meus olhos.

Depois, um após outro, foram todos eles, até os mais aplicados e apegados a mim, contaminando-se da mesma angustiante e absurda epidemia.

Até a Nanda, Fernadinha Monteiro, magricelinha sapeca e com um sorriso cativante, que eu mais estimava e protegia, e da qual recebia uma verdadeira e fanática idolatria acabou por quedar-se cativa daquele mesmo aflitivo mal. Não estava ainda como os outros, porem, já não vinha até mim com tanto entusiasmo, e seus olhos, todo o seu agir e suas expressões já começavam a adquirir aquela personalíssima e soberba eqüidistância que já dominava totalmente todo o resto da classe.

Eu podia falar, rir, agir comicamente me contorcer todo arrastar-me pelo chão, gritar, até ficar nu se fosse possível, que não receberia nenhuma reação, alem daquela indiferença, que me tomava, já naquele momento, por algo totalmente invisível e sem importância. Nenhuma sensação ou sentimento partia-me daqueles olhos, que, só para mim, eram vazios de qualquer expressão quer seja de raiva, alegria, aprovação ou desaprovação.

Primeiro pensei em levar este caso aos meus colegas ou ao diretor, porem, já de algum tempo, comecei a notar neles sintomas inconfundíveis do mesmo mal que afligia a todos os meus alunos. O pior é que através de pesquisas e observações pude Ter certeza absoluta que todos agiam desta forma, só para com a minha pessoa, e de modo algum este mal interferia no comportamento para com os colegas, a família ou qualquer um de meus outros companheiros de trabalho, sejam professores ou componentes do quadro funcional do Liceu

Encastelei-me cada vez mais em minha pequenez e desimportancia e, apesar de Ter quase certeza de que ninguém repararia se eu parasse, continuei dando minhas aulas para uma sala ausente de meus esforços e convivendo com colegas que, mal e porcamente cediam-me um exíguo espaço na apertada sala dos professores sem com isto porem demonstrar qualquer deferência para comigo.

O que deixou-me totalmente alarmado foi quando notei sinais daquela maldita epidemia , também entre meus quadros de relacionamento fora do Liceu, os amigos do barzinho e os funcionários da lanchonete aonde tomo meu café passaram, pouco a pouco, a tratar-me como a um completo desconhecido. Resignei-me a mais esta aflição, porem, a cada novo sinal de indiferença que me é transmitida torno-me, cada vez mais, raivoso e revoltado.

Algumas semanas atrás porem, a situação começou a tornar-se insuportável. Meu cartão magnético já não me dava acesso ao Liceu, chamei o guarda, que sabia-me, sem sombra de duvida, parte do quadro docente, ele porem agiu como se eu ali não estivesse e como se já não ouvisse nem a minha vós.

Completamente alarmado fui até ao prédio da secretaria de educação, mas, ali também, não consegui nenhuma resposta, nem ser notado por nenhum dos funcionários ou das pessoas que por ali se encontravam. Acabei esmurrando alguns daqueles energúmenos e mesmo assim não consegui que, apesar de surpresos e revoltados, dessem-me, um pouquinho que fosse de atenção. Agiam como se tivessem sido atingidos por uma força da natureza contra a qual nada poderia ser feito.

No bar e na lanchonete e em nenhum outro lugar conseguia mais que me ouvissem ou atendessem.

Fui para casa com a firme intenção de nunca mais sair de lá, porem a presença dos primeiros sintomas em minha própria mulher e em minha filha, desanimaram-me totalmente da vida. Despedi-me delas com a desculpa de uma inesperada viagem para um curso de reciclagem, estranharam um pouco porem sem toda a ênfase esperada o que deu mais força a meus propósitos: sairei por ai esganando uns, empurrando outros, matando velhinhas, violentando crianças, agredindo deficientes e, se nem assim ainda não for notado extinguirei minha miserável e desnecessária existência. Mesmo para isso não sei se encontrarei animo, pois quem importar-se-á com o meu passamento?

Magnus langbecker

Circunvagâncias

Do eternizado circunvagar entre a tina e o fogão, também a horta, e ainda alguma ajuda na lavoura, que de muito lhes valia, enquanto os braços a supriam de forças. Mulher disposta e mui determinada que sempre fora, não deixando nenhuma tarefa sem o seu término, Dona Maria Justina foi apequenando-se naquele espinho que lhe surgira.


Pouco a pouco começou a dar sinal em suas horas de labutar de todo um fraquejamento e de um grave molestamento interno que findou por plantá-la quase que totalmente em sua cama de colchão de palha de milho com cobertor de penas de pato e ganso.

Preocuparem-se todos se preocuparam alarmarem-se todos se alarmaram, até serem tomadas medidas para minorar os sofrimentos da ditosa velhinha, lá se vão outros quinhentos, não havia dinheiro para um médico na cidade, o João Curandor mudara-se para longe, lá para os lados da Baixada das Candócas, impossível perder dois dias em época de colheita. As ervas que a matriarca requisitara, para fazer-se ela mesma alguma mezinha, o Juquinha Fuça-Preta saiu pelos campos uma manhã, trouxe um monte de mato, mas não encontrara nada das que foram pedidas.

Voltavam-se todos para qualquer coisa das ocupações diárias, e algumas até nem tão urgentes, como forma de expurgar-se um pouco ao dolorido tormento daquela que nunca descansara ou descuidara, na atenção para com qualquer um que fosse, até mesmo estranhos que lhe chegassem as mãos. Ficara meses a cuidar de um pobre coitado, Chico Mamão, que viera dos lados do Oitão Fundo e levara balaço sabe lá por partes de que jagunçagem. Os filhos alarmaram-se, que onde que se via, podiam até cair em desgraça com algum poderoso, uma insanidade. Mas a alguém de convencer a velha teimosa, trouxe o homem para casa, deu toda assistência, e só saiu sãozinho da silva. Agora esta aí, não consegue se ajudar e aqueles de si, só sabem de escafeder-se.

Quando consegue passageiras melhoras tenta aferrar-se a algo, por entre as dores, tateando aqui e ali, começa algo, que logo tem de ser desfeito. Tudo ao largo... Chama por todos ninguém lhe atende com prontidão, e quando aparecem, põe nos olhares aquela chama de desencorajamento, como que tencionando algo por esses termos: “será porque tudo logo não se resolve”. “Merecemos isso”. “Que fiz lá eu”.

Tudo abate-se. Já emparedada ao leito, quase nem se move, suas únicas linimencias, olhares por algo pela janela... Infindos olhares, mundos e fundos apequenados, e a areia brilhante cada vez mais a escorrer-se mão afora.

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Semanas após todos seguimos compungidos, até mesmo a Zefa do Borralho, inconfundível desafeta, o formoso cortejo, aliviados e quem sabe, algo de exultantes, toda a imensa prole, que chora e lamuria-se, ante tão tamanha perda. Intransponível.

Magnus Langbecker

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Necrochorume: um veneno

Álvaro Henrique Leoni
Nas Filipinas, tribos nativas prendem os caixões dos mortos a desfiladeiros; é possível ver o necrochorume vazando pelas encostas.
O Necrochorume nada mais é do que um processo de decomposição de um ser vivo, que ao todo leva em média 2 anos e meio e que acarreta a formação de um estado líquido. Essa substância é eliminada durante um ano após o sepultamento.
O necrochorume é um escoamento viscoso, com coloração acinzentada, cuja composição é 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, duas delas altamente tóxicas, a putrescina e a cadaverina, que com precipitação em forma de chuva, atinge o lençol freático
Cada quilo de massa corpórea gera 0,6 litro do líquido, que pode ficar ainda mais ameaçador ao meio ambiente quando acrescido dos adereços de caixões e químicas utilizadas para embalsamar o corpo. Por ser de fácil absorção, é um dos principais poluentes do solo.
O sepultamento ou enterramento dos corpos humanos parece remontar a milhares de anos, porém, hoje com uma população mundial perto de 6,8 bilhões de habitantes esse problema vem se agravando.
Além das pessoas existem a animais que muitas vezes são enterrados sem nenhuma preocupação e acabam contribuindo para tal problema.
De acordo com pesquisa realizada em 600 cemitérios do Brasil — 75% municipal e 25% particular —, pelo geólogo Leziro Marques Silva, , de 15% a 20% dos locais apresentam subsolo contaminado pelo necrochorume.
Desde 2003, no Brasil, há uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios horizontais e verticais. Em 2006 foi acrescentada a proibição de cemitérios em Áreas de Proteção Permanente, mas não é obrigatória a reconstrução dos cemitérios já existentes.
http://www.semarh.df.gov.br/sites/300/379/00001249.pdf
http://variasreticencias.blogspot.com/2009/04/necrochorume-uma-verdadeira-ameaca.html
http://noticias.ambientebrasil.com.br/artigos/2006/03/21/23638-os-cemiterios-e-o-ambiente.html
Álvaro Henrique Leoni é professor de Geografia do D’Incao Instituto de Ensino

Show pirotécnico

armas, carros e carrancas
pés na goela – faca na boca
triunfo da bondade e da pureza
ufanismo
imaginário desatualizado

dias e meses se vão
ossos quebrados
agua e alimentos
tudo permanece o mesmo
debaixo de um sol sem ressalvas.  

terça-feira, 12 de outubro de 2010

LANÇAMENTO "SOS VILA MANCHINHA"


NO DIA 14 DE OUTUBRO - QUINTA-FEIRA - AS 15 HORAS - DURANTE A 6ª FEIRA DO LIVRO DE SANTA ROSA - ESTAREMOS LANÇANDO O LIVRO INFANTO-JUVENIL "SOS VILA MANCHINHA" COM TEXTOS DE MAGNUS LANGBECKER E ILUSTRAÇÕES DE CIRO AGOSTINHO BATISTA NETO.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

LANÇAMENTO TERRA,GRÃOS E PERSPECTIVAS 18ª FENASOJA


Foi realizado durante a 18ª FENASOJA o lançamento da mais recente coletânea dos escritores da ASES-RS TERRA,GRÃOS E PERSPECTIVAS . O evento foi no dia 03/05/2010 no espaço de cultura e turismo com a presença do senhor Marlon Salin Presidente da 18ª FENASOJA, Prefeito Municipal Orlando Desconsi, Vice-Prefeita Sandra Padilha e do Deputado Estadual Elvino Bohn Gass e contou com a presença de diversos escritores pertencentes a ASES-RS (Associação Santa-rosense de Escritores). A entidade possui local permanente na feira e comercializa coletâneas e títulos individuais de escritores de Santa Rosa e região.

sábado, 24 de abril de 2010

HOMENAGEM À FELICITA SEIBT

Determinação extremada

figura ímpar

gentileza marcante

olhar meigo e perspicaz

que nunca nos abandona.



livros viageiros

letras

e caminhos

traçados na cumplicidade

das almas gêmeas.



Roteiro de vida plena

inspiração

a força-coragem de mil vendavais

na figura simples, elegantemente disposta

muralhas.



Partes

na busca do extremado ideal

juntas e iguais

fiéis companheiras

continuidade.



MAGNUS LANGBECKER

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ao vencedor as batatas.

Punha-se no forno do fogão a lenha algumas batatas doce com casca e tudo, ao natural, com o fogo do fogão elas iam cozendo e tínhamos de resgatá-las ainda quentes para que o sabor fosse o ideal. Era um manjar finíssimo e que costumava ser ainda mais agradável na época do inverno em que vinha também deliciosos pinhões cozidos ou assados acompanhado as primeiras talagadas no mate, que aprendia a apreciar tanto pelo sabor, quanto mais pelo cultivo da tradição e do valor das coisas do pago que ficara para trás.


Pescávamos também algo dos costumes da terra que nos acolhera. Quando ia ao bolicho, que por lá chamavam venda, o pai já trazia um pacote de farinha de biju, uma farinha de milho em cascas, que comíamos misturada ao feijão ou com leite.

Não eramos muito light nem diet naquela época um de nossos lanches preferidos era pão com banha colonial branca, cremosa em cima e uma boa salpicada de açúcar. Uma delicia.

O queijo colonial, feito com o leite das vaquinhas que mamãe sempre gostou de criar e, principalmente, ordenhar, alem de alimento constituiu-se por muito tempo na principal, e até única, fonte de renda da família. Quando tinha aceitação nos mercados da cidade vinham os gêneros alimentícios na troca pelos benditos, senão volta-se com eles, e nos virávamos como podíamos.

Mas a união da família era nosso forte e apesar dos vendavais um forte e louco brilho de esperança sempre nos animou. E de terra em terra, horizonte em horizonte, buscamos sempre um ideal de justiça e verdadeira solidariedade.

Ave, ad eternum

Ela chega cedo. Eu também. Todos nos, invisíveis, chegamos sempre cedo. Antes de todos os outros. Assim não corremos o risco de atrapalhar. Ninguém se importa com isso. Ninguém se importa com nada.


Se algo some, ou é furtado, todos se importam. Nos somos sempre os primeiros e únicos suspeitos. Eu quero estar longe daqui, longe de todos eles, o mais rápido que puder, mas não quero ficar longe dela. Explode tudo. Alvoroça entranhas. Turbulência nunca antes vista. Apos ela, eu nunca mais o mesmo. Sem toque. Eu bobo que não aproveito mais. Pouquíssimas casquinhas. Pois e, mas mesmo assim, é tão gostoso, sentado num desses baldes velhos, focar tanta exuberância. Milhares de orgasmos. Perco palavras. Ziguezagueando imaginário enlace. Tantos a dizer e por fazer. Uma esmola vale tudo.

Em sonho explodi delinqüências em sua imensidão. Quem dera tamanho sacrilégio.

Conforto

Junto à tumba, gestos indecisos hesitava bastante. Depois vieram passos rápidos, pessoas não vistas.

Tampouco ouvidos.

Bar, cervejas.

Hesita um pouco ainda, porem, de repente, lhe pinta tal apetite, vontade de devorar tudo. Carne farta e barata, nudez de bebe para afastar qualquer fluido de mau agouro.

Talvez algo lhe prenda ainda nas idéias, mas, afinal, nunca antes cavara o próprio buraco.

Doutor dissera que talvez não agüentasse outra. Arremete forte, muito forte. Até parece mais e melhor.

Um ultimo lume afinal.

Escurece de tudo.

Flutuam.

Coitada da guria, gritando muito a pobre criatura...

Racha

Tudo tinindo.


Os dois nas mesmas marcas.

Corações e adrenalina a mil.

Álcool e tóxicos cada vez menos eventualmente.

Um chega.

No caminho do outro madrugava um poste.

Retorções e fumaça.

De resto carbono e lagrimas.

Um a menos!!!!????

ESGOTO

ESTRICNINA
VENENO SORVIDO GOLE A GOLE
NOVOS RUMOS, NOVAS GARGANTAS
ESSÊNCIAS CURTIDAS NO ESTRUME E NO DESPERO
CASAS NOVAS - RECEM SAIDAS DO FORNO
AUSENCIA DE LARES HABITÁVEIS
EU POREM, ME ABANDONO AO VENTO,
E ELE ME LEVA
AO GERME VERME ORIGINAL

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PAVOR

Escondia uma graça em
Vasos e artérias que se dilatam
Espiava travessuras e
O pavor das vidas o alimentava

Estranha maldita condecendencia astral
O sangue VIAJA em todas as veias
Livre estupida e suave carne
Queima no caldeirão de todas as vontades

Na breve fragrancia de prazer repentino
O vazio das tardes escoando por todas as mãos
Torpe, o idiota se deleita com injurias
Afogando-se em tantalos

Os vagidos da besta ainda ressoam
Torturando seus extremos em cantos de dor
Os piorers delitos já não o condenam

                                                                                         JUCA FORTES   MAGNUS LANGBECKER

sábado, 16 de janeiro de 2010

Angustia


É incrível a capacidade cada vez maior que as pessoas possuem de complicar as coisas mais simples. O dialogo e a troca de idéias perde cada vez mais terreno para a provocação, o deboche e a agressão pura e simples. Vivemos no caos e parece até que nos sentimos estranhos fora dele.


A angustia e o stress acompanham a todos com um abraço cada vez mais forte e que já arrastou a muitos, e muito mais ainda o serão, para os abismos da loucura e da selvageria.


Selvageria de não reconhecer mais um velho amigo por questões menores. Selvageria de fazer julgamentos precipitados. Selvageria de discriminação e preconceito contra tudo o que lhe é diverso. Selvageria de achar-se dono absoluto da verdade.


Estas, e um milhão de outras selvagerias, nos fazem ter sérias duvidas de que algum dia o ser humano consiga atingir algum estagio de harmonia e compreensão que de sentido a esta existência que por enquanto não demonstra nenhum viés de luz no fim do túnel.


Mantemos a esperança. Porem, já estamos no abismo, e a queda é cada vez mais vertiginosa.