quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ESSE CARA NÃO SOU EU!


ESSE CARA NÃO SOU EU!
Contos, crônicas, panfletos e outros resmungos.
Um livro de MAGNUS LANGBECKER com ilustrações do Mauro Souza (Mó).
Prefácio de Angelo Zeni editoração e revisão Café Pequeno Edições.
Coquetel de lançamento dia 12 de Agosto de 2013 a partir das 19 horas. Na Lancheria Tagreli (Bar do Zé) Avenida América, 965 próximo ao Estadio Municipal Carlos Denardin.
Sessão de autógrafos na feira do livro dia 14 de Agosto 19 horas.
Você é nosso convidado especial.

sábado, 13 de julho de 2013

ESSE CARA NÃO SOU EU!

Contos, crônicas, panfletos e outros resmungos. Meu livro solo finalmente. Pré-lançamento dia 12/08/2013 com data e local a ser confirmados. Lançamento e sessão de autógrafos na 9ª Feira do Livro de Santa Rosa dia 14/08/2013 as 19:00 horas. Edição do autor. Aceitando patrocínios. Diagramação, editoração e revisão estão a cargo dos meus amigos Clairto Martin e Sávio Hermes Mapa Hidrico Poetico. Ilustrações por conta de Mauro Souza.Prefácio de Ângelo Zeni. 
 Contamos com todos os amigos dia 12/08/2013 para o pré-lançamento que será realizado na Lancheria Tagreli do amigo Jose José Dionei Mafalda . E dia 14/08/13 as 19 horas o lançamento na 9ª Feira do Livro de Santa Rosa.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O fim



Todos na espera
Do todo.

O gelo
Frio na espinha dos últimos abraços.

Fera
Chegando de fininho.

O fundo do fundo
Saco sem fundo.

sábado, 9 de março de 2013

Operárias


O mesmo indefectível uniforme.
O mesmo acordar de madrugada ou ao sabor dos turnos
Muitas vezes esdrúxulos e sacrificantes.

O mesmo adeus aos rostos ainda adormecidos
Ou a correria até a creche.

Os mesmos ônibus, tantas vezes lotado. Encaixotadas.

A mesma produção em série, muda-se os produtos,
Permanece a repetição automatizada.

A força da personalidade feminina
Destas operárias santa-rosenses
Trazem emoção e sensibilidade
A rudeza e impessoalidade das fabricas, frigoríficos, marcenarias.
Um toque a mais de precisão para a construção civil.

E juntos da responsabilidade do dever cumprido
Estão mãos que de vaidade e cuidados
Que se tornam em força
Nas necessidades das lutas
Social e sindical.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A PALEONTOLOGIA E O IMPACTO DA DIVULGAÇÃO MIDIÁTICA SOBRE O TEMA NO TRABALHO DO EDUCADOR



Magnus Langbecker -
UNIJUI/RS
magnus29@ig.com.br

RESUMO
O trabalho visa lançar um olhar critico sobre como a Paleontologia é divulgada pelos meios de comunicação de massa e quais os conhecimentos que chegam aos alunos paralelos ou anteriores ao trabalho escolar formal. Também de que forma o assunto é tratado pelos livros didáticos e como acontece o desenvolvimento do tema em sala de aula.   . Para tanto, focaremos os audiovisuais (filmes, novelas de televisão e seriados), aos quais os alunos têm acesso e que podem ser utilizados pelos professores na sala de aula. Destacaremos, também, as maneiras e as dificuldades do professor ao usá-lo como um material motivador, auxiliar ou complementar ao ensino e aprendizagem proposto.

Palavras-chave: Paleontologia; mídia; cinema; divulgação científica, ensino de Paleontologia.


1.   INTRODUÇÃO
           
            A Paleontologia é o ramo da ciência que lança seus olhares sobre os vestígios dos seres vivos, restos e marcas de suas atividades, que se encontram preservadas nos sedimentos documentando a história da vida em nosso planeta. Em sua origem etimológica, Paleontologia significa o "estudo dos seres antigos". Este termo foi utilizado pela primeira vez em 1834, e, formado a partir das palavras gregas: palaios= antigo, ontos= ser, logos=estudo. Já a palavra fóssil originou-se do termo latino fossilis = extraído da terra (CASSAB, 2004). Estrutura-se com bases na Geologia e na Biologia.
En el campo de la biología, es el soporte para el estudio de la evolución biológica, la biogeografía histórica y la biodiversidad. En geología, proporciona datos para el conocimiento de la historia geológica del planeta, datación e interpretación de los ambientes del pasado y sirve de apoyo a la geología económica y medioambiental. Esta ciencia es importante en la economía mundial, por servir de herramienta en la identificación de rocas con fosfatos, carbón y petróleo (MENDES, 1982; CASSAB, 2004).
            A Paleontologia ajuda-nos a construir noções de espaço e de tempo dentro das transformações, que acontecem e aconteceram com nosso planeta e com os seres vivos (GONÇALVES & MACHADO, 2005). Apesar de fundamental no desenvolvimento de importantes conceitos científicos, existe, ainda, bastante desconhecimento desta por parte da maioria da população. Na mídia, são desenvolvidas visões sobre o assunto, restritas muitas vezes apenas aos dinossauros, que são os fósseis mais conhecidos, deixando de lado, ou tratando muito superficialmente, todo o restante. Muitas vezes até esquecendo ou distorcendo conceitos científicos fundamentais.
Muitas vezes, as informações a respeito dos fósseis transmitidas pelos educadores nas escolas são limitadas ao que se conhece através da mídia, apenas com conceitos que chamam a atenção do público, sendo tratados, até mesmo, de maneira errada (SCHWANKE & SILVA, 2004).
            Dentro deste contexto, o profissional docente, que não pode nem deve deixar de relacionar o conhecimento que lhe é trazido por seus alunos através dos meios de comunicação e de todas as formas de mídia extradidáticas, tem a missão de buscar formas de ir além das limitações de material didático e das poucas possibilidades de trabalhos práticos e introduzir seus discentes aos conceitos fundamentais da Paleontologia desde a educação infantil até o ensino médio de uma forma dinâmica e contextualizada com os avanços do pensamento científico da área.
            Neste sentido, este trabalho visa lançar um olhar critico sobre como a Paleontologia é divulgada pelos meios de comunicação de massa e quais os conhecimentos que chegam aos alunos paralelos ou anteriores ao trabalho escolar formal. Também de que forma o assunto é tratado pelos livros didáticos e como acontece o desenvolvimento deste em sala de aula.
            A história da Paleontologia
            Apesar de presentes desde remotas épocas, os fosseis e seus estudos sofreram graves entraves pela visão criacionista de mundo. Esta visão limitava o tempo máximo de existência do planeta a 6000 anos e a presença de organismos fossilizados era explicada unicamente como conseqüência do dilúvio que teria coberto a terra, ou, como "caprichos da natureza", tendo sido Leonardo da Vinci, já durante o renascimento, um dos primeiros a encará-los como registros de formas de vidas passadas. Até a Modernidade, quando os fósseis começaram a ser interpretados como restos de organismos, estes fenômenos naturais receberiam inúmeras interpretações que os relacionaria à mitologias e magismo. Mesmo após o reconhecimento de sua origem orgânica, os historiadores naturais praticamente não os utilizavam para a produção de conhecimento (FARIA, 2010). Aos poucos, porém essa visão passou a se modificar:
William Smith (engenheiro inglês, 1796-1839) observou que rochas de diferentes idades apresentavam diferentes conjuntos de fósseis, e que esses conjuntos se sucediam uns aos outros numa ordem regular e determinável. Ele é o criador do princípio da sucessão faunística (MELLO, 2005).
Georges Cuvier, considerado o pai da Paleontologia, realizou estudos dos fosseis e lançou os fundamentos da área  tendo o "principio de correlação das partes" como uma grande ferramenta, uma vez que relaciona as partes distintas dos organismos ao organismo inteiro. Funciona mais ou menos assim: quando encontramos somente penas significa um desenvolvimento do membro anterior, que sugere um tipo específico de animal (MELLO, 2005)
            Desde seu surgimento a Paleontologia tem atraído, além dos cientistas, a atenção de artistas e escritores, como cita Farias:
“Não é o Sr. Cuvier o maior poeta de nosso século?” Com este questionamento, Honoré de Balzac lançou o leitor de seu livro “La peau de Chagrin”, de 1831, em um universo de mundos desaparecidos possibilitadas pelos métodos e o programa de pesquisas de Georges Cuvier, as reconstruções paleontológicas puderam trazer à luz criaturas e seus mundos até então inimagináveis. Como seria de se esperar, o mundo científico e até mesmo os poetas não perderiam tempo em utilizar as inspirações que aquele conhecimento científico permitia (FARIA, 2010).

Ainda, passa e ter crescente interesse a partir do desenvolvimento  da teoria da evolução de Charles Darwin, que tem  avançado,  na atualidade:
Nas últimas décadas, esta ciência tem passado por uma renascença, uma verdadeira revolução científica, devido, em parte, à grande popularidade de filmes e documentários sobre os mais intrigantes dos seres pré-históricos, os dinossauros, pterossauros e outros répteis associados, todos extintos, mas também em função de novas maneiras de investigar os fósseis no campo e de estudar o passado da vida no laboratório. Também pode se dizer que já passaram os dias em que o paleontólogo descrevia um ossinho ou uma conchinha pelo prazer de lançar um novo nome científico na literatura especializada, pois os fósseis armazenam muito mais informação do que se imaginava antigamente.
É claro que a descrição e identificação dos fósseis continuam importantes; afinal, essas informações fundamentam estudos de evolução e biodiversidade do passado e servem de base para a datação e correlação temporal das rochas sedimentares. Mas cada fóssil também possui uma história própria, desde a morte do organismo (animal, planta ou micróbio) até sua transformação final em fóssil, e essa história pode revelar detalhes do paleoclima, dos ambientes antigos de sedimentação e dos processos físico-químicos que afetaram os sedimentos desde sua deposição.
Novas tecnologias, principalmente na área da "paleontologia molecular", têm propiciado avanços impressionantes em nossa compreensão dos princípios de vida na Terra e da cronologia das inovações evolutivas subseqüentes. Por exemplo, a variação em átomos de carbono em grafite mineral com idade de 3,8 bilhões de anos sugere que a vida é tão antiga quanto ao registro de material geológico terrestre (um pouco mais que 4 bilhões de anos)(FAIRCHILD, 2008).


2.   PERCURSO METODOLOGICO

            Ao desenvolvermos este trabalho, utilizamos do cotejamento da literatura encontrada sobre o assunto juntamente com diálogos com alunos e professores visando investigar  o que tem sido tratado sobre Paleontologia em sala de aula bem como o que tem sido visto e comentado sobre o assunto, veiculado pela mídia. Abordamos, primeiramente, a importância da Paleontologia enquanto ciência, o desafio de seu ensino no Brasil  atual e a relação do professor e do aluno com os conhecimentos midiáticos focando principalmente o audiovisual (seriados, filmes e novelas de televisão).
            Destacamos também a relevância destes conhecimentos na área cientifica, educacional, bioética, multidisciplinaridade,  bem como as possibilidades de saída a campo e aulas práticas para desenvolver a aprendizagem dos estudantes. .

3.   DESENVOLVIMENTO
           
            A mídia e a Paleontologia
           
            Mesmo sendo a escola o espaço educacional padrão, não podemos esquecer a grande influência de outros campos de aprendizagem que estão entrando na vida dos estudantes através dos meios de comunicação em massa, que devem  ser considerados  quando se deseja preparar uma estratégia de educação (Machado & Gonçalves, 2005). Concentraremos nossos olhares sobre a relação da mídia audiovisual (cinema, seriados e novelas de TV) com nossos educandos e nossos educadores.
            Afinal quando olhamos para trás e procuramos identificar, na história, os acontecimentos de uma época, em que ainda não dominávamos a escrita, nos sentimos um tanto quanto perdidos ou confusos. A Pré-História, apesar de esquadrinhada por cientistas especializados (como os paleontólogos), ainda constitui um grande mistério para a humanidade. E, quanto mais pesquisamos e descobrimos, mais curiosos ficamos.
O cinema e outros audiovisuais como seriados e novelas de televisão são uma das melhores formas de percebermos essa enorme sede de conhecimentos, que possuímos a respeito da Pré-História. Tivemos várias produções de destaque revelando essa fixação, essa verdadeira obsessão por dados e informações relevantes acerca desse período (MACHADO, 2010).
            Histórias sobre dinossauros existem desde que as pessoas  observaram tanto suas pegadas quanto os fósseis. Alguns pesquisadores sugerem que lendas de animais gigantes e dragões têm origem na descoberta de ossos e pegadas de dinossauros (Sanz, 2002). Existem também pinturas em cavernas que parecem retratar dinossauros bípedes. Uma equipe de antropólogos acredita que os Kung, ou San, da África do Norte criaram essas imagens com base em um esqueleto fossilizado e um conjunto de pegadas (Ellenberger, 2005).
            A primeira aparição de dinossauro no cinema foi feita logo após o desenvolvimento dos filmes. Um dos primeiros filmes de animação tinha como principal intérprete um dinossauro, de cauda e pescoço compridos, que se chamava Gertie. Este dinossauro saurópode desfilou nos ecrãs a preto-e-branco pela mão de Winsor McCay, em 1914.  Os primeiros filmes de dinossauros apareceram, portanto entre 1910 e 1930. Um deles foi “O Mundo Perdido”, baseado em um livro de Sir Arthur Conan Doyle. Os desenhos animados de dinossauros apareceram por volta da mesma época. Em 1940, a Disney lançou seu filme “Fantasia”, que utilizou “O ritual da primavera”, de Igor Stravinsky, como fundo musical para a vida e extinção dos dinossauros.
            E, já nestas produções, podemos constatar erros científicos primários. Com exceção de “Fantasia”, a maioria desses filmes mostrava encontros de humanos com dinossauros. As personagens faziam viagem no tempo para chegarem à idade dos dinossauros, ou descobriam lugares desconhecidos nos quais os dinossauros sobreviveram.
            Os dinossauros tiveram um grandioso aumento em sua popularidade após o lançamento em 1993 de Jurassic Park ou Parque dos Dinossauros, como ficou intitulado no Brasil, filme estadunidense dirigido por Steven Spilberg e baseado em livro homônimo escrito por Michael Crichton.
            Apesar de o título do filme se referir ao período Jurássico, a maioria dos dinossauros que aparecem nele pertenciam ao Cretáceo. O roteiro reconhece isso quando o Dr. Grant descreve a ferocidade do Velociraptor a um menino, dizendo: "Tente se imaginar no período Cretáceo..."
            Dinossauros também são os personagens principais de mais duas produções dos estúdios Disney. Família Dinossauro (1991) usa uma cômica família de dinossauros humanizada, a Silva Sauro, vivendo em um cotidiano que serve de pretexto para inúmeras crônicas e sátiras aos hábitos e costumes da classe média. Alguns episódios deste seriado são interessantes, como as referências ao continente “Pangéia”. Dinossauros (Dinosaur, 2000) é uma experiência visual da Disney, misturando cenários reais com animais em computação gráfica. Mostra o declínio das espécies, após a queda na Terra do asteróide que muitos cientistas acreditam ser o responsável por sua extinção. Mostra também a relação dos dinossauros com os seus filhotes e as outras espécies que viviam no planeta na época. A aventura de Aladar e sua “família”, depois da queda do asteróide, tem como pano de fundo as mudanças no planeta. As cenas da queda do asteróide são impressionantes.
            Mais modernamente e em nosso país tivemos a novela "Morde & Assopra" da rede Globo de televisão mostrando uma equipe de pesquisa paleontológica, fósseis (de dinossauro, é claro) e os próprios ditos cujos em uma pouco verossímil viagem ao centro da terra.

            Fugindo do referencial dos dinossauros vamos encontrar alguns outros filmes com referencia a paleontólogos e fósseis, entre outros temas. . Recentemente, em 2010, o diretor Jacques Malaterre auxiliado por consultoria científica lançou o filme "Ao, O Ultimo Neandertal" lançando-se em um enredo que trata de assuntos relativos à paleontologia humana, numa história que retrata a vida existente a aproximadamente 30 milhões de anos atrás.
             
           
            Incoerências e falha quanto aos conceitos científicos nos produtos midiáticos referentes a Paleontologia
           
Fazendo parte de uma indústria que visa prioritariamente o entretenimento não existe em muitos destes audiovisuais preocupação com fidelidade científica absoluta. Alguns erros são mais constantes e saltam aos olhos de quem possui conhecimentos da área. Juntar animais e/ou plantas de diferentes épocas em uma mesmo cena é um equivoco clássico e muito repetido.
            Nas histórias de hoje sobre dinossauros, como “Jurassic Park", o DNA tem o papel fundamental para se colocar pessoas e dinossauros frente a frente. Mas existem diversos problemas com essa idéia:
l quando um dinossauro é fossilizado, a maioria dos seus tecidos moles se degenera. O único depósito de DNA que fica é seus ossos - e eles são fisicamente alterados durante o processo de fossilização;
l o DNA é destruído muito rapidamente. Encontrar um espécime com sua seqüência de DNA completa intacta após milhões de anos é improvável;
lembora alguns pesquisadores tenham relatado que encontraram  o DNA de inseto no âmbar, outros cientistas não foram capazes de reproduzir o achado;
la possibilidade de recuperação do DNA do sangue que um inseto sugou seria ainda mais difícil. Mesmo que o estômago de um mosquito realmente contivesse o sangue de um dinossauro, a possibilidade de recuperação desse sangue sem contaminá-lo com o DNA do próprio mosquito seria quase impossível.
Por mais convincente que o argumento do DNA preservado possa parecer, clonar dinossauros é altamente improvável.
            Outras inconsistências podem ocorrer propositadamente como quando criaturas pré-históricas são acrescentadas de "acessórios", que as tornam mais amedrontadoras e/ou visualmente mais chamativas.
            Características e hábitos de vida também são alterados. Na ficção, a maioria absoluta dos dinossauros são predadores carnívoros de uma voracidade insaciável. Na verdade, houve muitas espécies vegetarianas e outras que se alimentavam de restos de carcaças deixadas por predadores.
           
           
             A importância dos conhecimentos de paleontologia na área científica e educacional
            Como visto, o estudo de Paleontologia abrange o conhecimento da evolução dos seres vivos, bem como da história geológica da Terra. Além disso, o estudo dos fósseis é uma ferramenta fundamental para a compreensão da distribuição dos seres vivos (biogeografia), da ecologia e da sistemática filogenética (REIS & CARVALHO, 2005).
            A divulgação da Paleontologia no ensino fundamental e médio é ainda muito pequena, já que é tida como mais a fim de museus e universidades onde se desenvolvem pesquisas apresentadas em encontros científicos e publicadas em revistas específicas da área. Existem ainda muitos entraves ao bom andamento do ensino destes conhecimentos como: a) deficiência de material didático e paradidático; b) deficiência na formação dos alunos e professores/educadores; e c) distanciamento entre Universidade-Sociedade. Esses elementos interagem formando um ciclo e culminando no desinteresse geral pelo tema, sob o mito da complexidade. A deficiência no ensino e nos materiais disponíveis causa distanciamento das crianças em relação à Paleontologia, o que faz com que elas ignorem seus ícones e conceitos mais elementares.
Desconhecendo as informações básicas não se cria demanda suficiente para manter museus e exposições, onde a formação escolar poderia ser complementada. Se não há demanda, não há grande interesse dos paleontólogos acadêmicos em gastarem parte do tempo de suas pesquisas com o desenvolvimento de materiais complementares e exposições, ficando a Paleontologia restrita aos laboratórios. Dessa forma, os profissionais que se formam na universidade, e que têm contato com a Paleontologia, são estimulados a desenvolverem pesquisa e atuarem em laboratórios, ao passo que os profissionais que atuarão diretamente com os ensinos infantil, fundamental e médio acabam tendo apenas uma formação paleontológica superficial, e não conseguem despertar o interesse pelo tema em seus alunos. Voltamos, pois, ao início do ciclo (MELLO, 2005).

            Em sala de aula, porém, muitas vezes, as informações a respeito dos fósseis transmitidas pelos educadores nas escolas são limitadas ao que se conhece através da mídia, apenas com conceitos que chamam a atenção do público, sendo tratados, até mesmo, de maneira errada (Schwanke & Silva, 2004). E, estes conhecimentos advindos do tratamento midiático são muitas vezes carregados, distorcidos ou manipulados conforme for o objetivo da peça em questão. Isto acontece principalmente quando assuntos relativos a fósseis e Paleontologia são tratados em peças ficcionais, em que muitas vezes o autor "adapta" o conhecimento científico ao objetivo de sua obra
            Então, assim como em outras áreas do conhecimento, o desafio do professor no ensino de Paleontologia se constitui em trazer aos seus alunos o conhecimento em questão de uma forma mais atraente e estimulante, tornando este aprendizado mais dinâmico e diverso em suas fontes de pesquisa. Filmes, livros, quadrinhos e toda a diversidade de material, encontrados com grande diversidade em livrarias e locadoras de filmes, podem e devem ser utilizados como ponto de partida de discussões as quais o professor deve conduzir ao aprofundamento dos conceitos científicos neles encontrados.
            Teoricamente, o ensino de Paleontologia no Brasil deveria começar na educação infantil e continuar no ensino fundamental, médio e superior. Não existem, porém indícios de uma prática continuada ou bem estabelecida, no ensino destes conhecimentos.. No ensino Fundamental e Médio, porém, a falta de preparação dos professores, e a utilização de livros que, em sua maioria, abordam de forma inadequada e/ou ineficiente os conceitos de Paleontologia ( Marques, 1999; Pereira et al. 2001; Oliveira et al 2003; Moura &Barreto, 2003; Mello & Torello de Mello, 2005; Sarkis & Longuini, 2005).
            Fosseis de Dinossauros e de Primatas são os que normalmente atraem uma maior atenção das pessoas e também recebem um maior tratamento pela mídia. Os dinossauros, em especial os dinossauros não avianos, são conhecidos há mais de 150 anos e exercem um verdadeiro fascínio sobre as pessoas. E os primatas, depois de Darwin (naturalista inglês que publicou o célebre livro sobre a origem das espécies), geram interesse, pois são o grupo ao qual a nossa espécie pertence (Kellner,2010). Desta forma o professor vai encontrar uma grande diversidade de material de apoio sobre estas temáticas. Mais dificuldade terá, porém, ao abordar temas relativos a Paleobotânica, o estudo dos fósseis de plantas; Micropaleontologia, estudo dos fósseis de organismos que necessitem de microscópio para serem visualizados os microfósseis, por exemplo. Nestes campos nem mesmo os livros didáticos darão algum subsidio tendo o docente da área que porventura queira trabalhar estes conhecimentos grandes dificuldades em encontrar material adequado. Assim sendo muitos preferem deixar de lado estas áreas e concentram-se apenas naquelas em que a fartura de material de apoio é maior.
            Os professores de ciências deveriam aproveitar o fascínio que os temas paleontológicos exercem nos estudantes para criar ambientes e momentos propícios para análises críticas e debates construtivos quanto às questões relacionadas à Paleontologia
e Geologia (SCHWANKE e SILVA, 2004) e suas relações com outras áreas do conhecimento. Porém, atualmente a carência de recursos didáticos tem sido apontada como uma das grandes dificuldades para o aprendizado satisfatório de ciências, tanto no ensino fundamental, como no médio (ALVES e BARRETO, 2005). Uma das formas para minimizar esse problema seria estimular, nos cursos de licenciatura, a inovação de materiais e metodologias que permitam a transmissão do conhecimento paleontológico de forma mais criativa e atraente, incentivando assim os futuros professores (SCHWANKE,2002).
            Desta forma, com criatividade e conhecimento o professor da área pode conseguir um melhor rendimento e trazer o conhecimento paleontológico à suas aulas de forma divertida e produtiva.

            Paleontologia e Multidisciplinaridade

            A Paleontologia em si já se constitui numa ciência multidisciplinar sendo uma ciência dinâmica, com relações com outras áreas do conhecimento, estando preocupada em entender como a evolução física da Terra, em termos das mudanças na sua geografia (paleogeografia), no clima (paleoclima) e nos ecossistemas (paleoecologia), influenciou a evolução das formas de vida pré-históricas. Portanto, a Paleontologia é uma ciência multidisciplinar, relacionada à Geologia, à Biologia (principalmente Zoologia e Botânica), à Ecologia e à Oceanografia, dentre outros campos do conhecimento preocupados em estudar as interações entre os organismos e o meio ambiente. Atualmente, a Paleontologia preocupa-se também com a conservação do patrimônio fossilífero (Simões & Rodrigues).
            Temáticas de Paleontologia podem e devem abranger, portanto, integração com temas de geografia, história, física, química, biologia, etc. em um trabalho que integre as várias áreas do conhecimento humano através desta ciência que nos mostra um pouco do que somos e da história que nos forma e nos antecede.
            Sendo abordada em várias disciplinas as avaliações de Paleontologia estão inseridas no contexto destas e na maioria dos casos não acontecem avaliações nos ensinos fundamental e médio exclusivamente sobre a temática.
           
            Paleontologia: Saídas a campo e Aulas de Laboratório
            Para a maioria das instituições de ensino fundamental e médio, principalmente do sistema público de ensino, fica bastante dificultados a prática de saídas a campo ou mesmo aulas de laboratório visto a grande dificuldades destas de obterem acesso a material fóssil ou à campos de estudos que na maioria dos casos estão a grande distancia impossibilitando esta prática para a maioria dos estabelecimentos de ensino de nosso país.
            Desta forma o professor das disciplinas em que os conhecimento de Paleontologia são abordados encontra grandes dificuldades de atualização de seus conhecimentos e quando acompanha a evolução dos conhecimentos da área é quase que totalmente através da grande mídia e não por trabalhos ou pesquisas acadêmicas.
            Dentro deste contexto a atuação dos professores de ensino fundamental em trabalhos de pesquisa é muito diminuta.
           
            Bioética na pesquisa e no ensino de Paleontologia

            Assim como em outros ramos da ciência o pesquisador em Paleontologia entra em contatos com dilemas éticos relacionados aos limites nas suas atividades e no relacionamento dos conhecimentos científicos com valores que estão alem do trato estritamente relacionado ao seu campo de conhecimento.
            A expressão “integridade da pesquisa” (research integrity) vem sendo utilizada para demarcar um campo particular no interior da ética profissional do cientista, entendida como a esfera total dos deveres éticos a que o cientista está submetido ao realizar suas atividades propriamente científicas. No interior dessa esfera, pode-se distinguir, por um lado, o conjunto dos deveres derivados de valores éticos mais universais que os especificamente científicos. São dessa natureza aqueles que compõem o campo da chamada Bioética, derivados, por exemplo, do valor (não especificamente científico) que é o respeito à integridade física, psicológica e moral dos seres humanos e do interdito (não especificamente científico) de submeter animais a tratamento cruel. É enquanto pesquisador que um cientista se relaciona com os sujeitos e as cobaias de seus experimentos, mas não é por ser um pesquisador que ele deve preservar os direitos dos sujeitos de seus experimentos ou deve ponderar, no planejamento desses experimentos, o possível sofrimento de suas cobaias (Santos, 2011).
            Por outro lado, a ética profissional do cientista inclui um conjunto de deveres derivados de valores éticos especificamente científicos, isto é, valores que se impõem ao cientista em virtude de seu compromisso com a própria finalidade de sua profissão: a construção coletiva da ciência como um patrimônio coletivo. O princípio desse campo particular da ética profissional é: ao exercer suas atividades científicas, um pesquisador deve sempre visar a contribuir para a construção coletiva da ciência como um patrimônio coletivo, deve abster-se de agir, intencionalmente ou por negligência, de modo a impedir ou prejudicar o trabalho coletivo de construção da ciência e a apropriação coletiva de seus resultados (Santos 2011).
            Assim como o cientista o docente enfrentará em sala de aula dilemas éticos relativos ao ensino desta disciplina. Um desses desafios é a necessidade de, ao abordar temas que geram polemica religiosa e entram em confronto com crenças empíricas de seus alunos. Ao tratar assuntos como fosseis e a evolução dos seres vivos o professor deverá fazê-lo mostrando a realidade do conhecimento científico sem distorções, concessões ou "abrandamentos", devendo mostrar a diferença do conhecimento científico, que lida com construções de lógica, pesquisa e comprovação por experimentação, frente ao conhecimento teológica, que baseia-se fundamentalmente na fé e no lado emocional do ser humano.
            A construção de uma bioética no ensino conduz-nos a forma como devemos encará-la dentro do currículo escolar: A inserção da Bioética, nas propostas curriculares, não está voltada para o ensino da virtude, na sociedade do conhecimento, mas para o desenvolvimento das competências para ser virtuoso, para viver e conviver com solidariedade. A inserção da Bioética opõe-se à educação que privilegia o ensino tecnicista e que desconsidera o valor da formação humana. Agora, é possível que se direcione a educação para a sensibilidade e para o pensamento reflexivo, crítico e criativo (BRAGA, 2010). Desta forma teremos a bioética como uma auxiliar do professor na tarefa de construir um pensamento científico em seus alunos que não esteja desvinculado de valores de responsabilidade social e humana.
            Dentro da Paleontologia bem como em outros segmentos das ciências de um docente preparado ao desafio de educar em épocas de informações instantâneas e estimulo exagerado à competitividade. Vivemos, hoje, em uma sociedade informacional; isto requer uma formação intercultural e global quanto aos conhecimentos e valores. A Educação na sociedade da informação e do conhecimento deve basear-se na utilização de habilidades comunicativas, de modo a capacitar a pessoa a participar de forma critica e reflexiva, elaborando argumentos e formas de interagir na sociedade (Braga, 2010).




.4.   CONCLUSÃO

            Ao final de nosso estudo podemos constar da importância fundamental dos conceitos e conhecimentos de Paleontologia para a construção de todo o pensamento cientifico dos estudantes do ensino fundamental e médio e como ainda existem dificuldades e barreiras para que o profissional docente possa implementar da melhor forma o ensino desta disciplina.
            Constatamos do contato que existe e do debate gerado pelo contato de nossos alunos com conceitos de Paleontologia divulgados em peças ficcionais de grande divulgação midiática. Soubemos também que existe, nestas peças,  uma maior exploração de alguns temas enquanto outros escapam de qualquer visualização. Notamos que nem sempre existe nos produtores destes audiovisuais preocupação com um bom embasamento científico existido conceitos aí divulgados que carecem de serem debatidos e esclarecidos pelo professor ao tratar destes com seus alunos.
            Apesar disto percebemos estes materiais audiovisuais como de importância fundamental para utilização como forma de trazer os assuntos de Paleontologia ao público discente de uma forma mais descontraída e próxima a sua realidade.

BIBLIOGRAFIA

BRAGA, PEDRO. A bioética no ensino médio: Um caminho para a reflexão de práticas de humanização do sujeito. Universidade cidade de São Paulo. São Paulo, 2010.

CASSAB, R.C.T.. 2004. Objetivos e Princípios. In: Carvalho, I.S.. (ed). Paleontologia. Vol 1.
Rio de Janeiro: Interciência – cap 1, p. 3-11.

ELLENBERGER, PAUL. “Pinturas dos homens das cavernas de dinossauros ornitópodes: rastreadores paleolíticos interpretam pegadas do início do Jurássico”. Ichnos, v. 12, 2005.

FAIRCHILD, DR. THOMAS RICH. De volta ao passado: Paleontologia e paleontólogos. 2008.

FARIA, FREDERICO FELIPE DE ALMEIDA. Georges Cuvier e a instauração da
Paleontologia como ciência. Bol. Mus. Para. Em lio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 6, n. 3, p. 629-634, set.-dez. 2011

GONÇALVES, ROSILENE Y MACHADO, DEUSANA MARIA. Cómics: Investigación de conceptos y de términos paleontológicos, y uso como recurso didáctico en la educación primaria. ENSEÑANZA DE LAS CIENCIAS, 2005, 23(2), 263–274

MALATERRE, JACQUES. Ao - O Último Neandertal (Ao - Le Dernier Néandertal) 2010 DVDRip

MELLO, PROF. DR. LUIZ HENRIQUE CRUZ DE. A história da Paleontologia. UNIBAN, 2005.

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