Magnus Langbecker - UNIJUI/RS
magnus29@ig.com.br
RESUMO
O trabalho visa lançar um olhar
critico sobre como a Paleontologia é divulgada pelos meios de comunicação de
massa e quais os conhecimentos que chegam aos alunos paralelos ou anteriores ao
trabalho escolar formal. Também de que forma o assunto é tratado pelos livros
didáticos e como acontece o desenvolvimento do tema em sala de aula. . Para tanto, focaremos os audiovisuais
(filmes, novelas de televisão e seriados), aos quais os alunos têm acesso e que
podem ser utilizados pelos professores na sala de aula. Destacaremos, também,
as maneiras e as dificuldades do professor ao usá-lo como um material
motivador, auxiliar ou complementar ao ensino e aprendizagem proposto.
Palavras-chave: Paleontologia;
mídia; cinema; divulgação científica, ensino de Paleontologia.
1. INTRODUÇÃO
A Paleontologia é o ramo da ciência que lança seus
olhares sobre os vestígios dos seres vivos, restos e marcas de suas atividades,
que se encontram preservadas nos sedimentos documentando a história da vida em
nosso planeta. Em sua origem etimológica, Paleontologia significa o
"estudo dos seres antigos". Este termo foi utilizado pela primeira
vez em 1834, e, formado a partir das palavras gregas: palaios= antigo, ontos=
ser, logos=estudo. Já a palavra
fóssil originou-se do termo latino fossilis
= extraído da terra (CASSAB, 2004). Estrutura-se com bases na Geologia e na
Biologia.
En el campo de la biología, es el soporte para el estudio de la
evolución biológica, la biogeografía histórica y la biodiversidad. En geología,
proporciona datos para el conocimiento de la historia geológica del planeta,
datación e interpretación de los ambientes del pasado y sirve de apoyo a la
geología económica y medioambiental. Esta ciencia es importante en la economía
mundial, por servir de herramienta en la identificación de rocas con fosfatos,
carbón y petróleo (MENDES, 1982; CASSAB, 2004).
A Paleontologia
ajuda-nos a construir noções de espaço e de tempo dentro das transformações,
que acontecem e aconteceram com nosso planeta e com os seres vivos (GONÇALVES
& MACHADO, 2005). Apesar de fundamental no desenvolvimento de importantes
conceitos científicos, existe, ainda, bastante desconhecimento desta por parte
da maioria da população. Na mídia, são desenvolvidas visões sobre o assunto,
restritas muitas vezes apenas aos dinossauros, que são os fósseis mais
conhecidos, deixando de lado, ou tratando muito superficialmente, todo o
restante. Muitas vezes até esquecendo ou distorcendo conceitos científicos
fundamentais.
Muitas vezes, as informações a respeito dos fósseis
transmitidas pelos educadores nas escolas são limitadas ao que se conhece
através da mídia, apenas com conceitos que chamam a atenção do público, sendo
tratados, até mesmo, de maneira errada (SCHWANKE & SILVA, 2004).
Dentro deste
contexto, o profissional docente, que não pode nem deve deixar de relacionar o
conhecimento que lhe é trazido por seus alunos através dos meios de comunicação
e de todas as formas de mídia extradidáticas, tem a missão de buscar formas de
ir além das limitações de material didático e das poucas possibilidades de
trabalhos práticos e introduzir seus discentes aos conceitos fundamentais da
Paleontologia desde a educação infantil até o ensino médio de uma forma dinâmica
e contextualizada com os avanços do pensamento científico da área.
Neste sentido, este trabalho visa lançar um olhar critico
sobre como a Paleontologia é divulgada pelos meios de comunicação de massa e
quais os conhecimentos que chegam aos alunos paralelos ou anteriores ao
trabalho escolar formal. Também de que forma o assunto é tratado pelos livros
didáticos e como acontece o desenvolvimento deste em sala de aula.
A história da Paleontologia
Apesar de presentes desde remotas
épocas, os fosseis e seus estudos sofreram graves entraves pela visão
criacionista de mundo. Esta visão limitava o tempo máximo de existência do
planeta a 6000 anos e a presença de organismos fossilizados era explicada
unicamente como conseqüência do dilúvio que teria coberto a terra, ou, como
"caprichos da natureza", tendo sido Leonardo da Vinci, já durante o
renascimento, um dos primeiros a encará-los como registros de formas de vidas
passadas. Até a Modernidade, quando os fósseis começaram a ser interpretados
como restos de organismos, estes fenômenos naturais receberiam inúmeras
interpretações que os relacionaria à mitologias e magismo. Mesmo após o
reconhecimento de sua origem orgânica, os historiadores naturais praticamente
não os utilizavam para a produção de conhecimento (FARIA, 2010). Aos poucos,
porém essa visão passou a se modificar:
William Smith (engenheiro inglês, 1796-1839) observou que
rochas de diferentes idades apresentavam diferentes conjuntos de fósseis, e que
esses conjuntos se sucediam uns aos outros numa ordem regular e determinável.
Ele é o criador do princípio da sucessão faunística (MELLO, 2005).
Georges
Cuvier, considerado o pai da Paleontologia, realizou estudos dos fosseis e
lançou os fundamentos da área tendo o
"principio de correlação das partes" como uma grande ferramenta, uma
vez que relaciona as partes distintas dos organismos ao organismo inteiro.
Funciona mais ou menos assim: quando encontramos somente penas significa um
desenvolvimento do membro anterior, que sugere um tipo específico de animal
(MELLO, 2005)
Desde seu
surgimento a Paleontologia tem atraído, além dos cientistas, a atenção de
artistas e escritores, como cita Farias:
“Não é o Sr. Cuvier o maior poeta de nosso século?” Com este
questionamento, Honoré de Balzac lançou o leitor de seu livro “La peau de
Chagrin”, de 1831, em um universo de mundos desaparecidos possibilitadas pelos
métodos e o programa de pesquisas de Georges Cuvier, as reconstruções
paleontológicas puderam trazer à luz criaturas e seus mundos até então
inimagináveis. Como seria de se esperar, o mundo científico e até mesmo os
poetas não perderiam tempo em utilizar as inspirações que aquele conhecimento
científico permitia (FARIA,
2010).
Ainda, passa e ter crescente
interesse a partir do desenvolvimento da
teoria da evolução de Charles Darwin, que tem avançado, na atualidade:
Nas últimas décadas, esta ciência tem
passado por uma renascença, uma verdadeira revolução científica, devido, em
parte, à grande popularidade de filmes e documentários sobre os mais
intrigantes dos seres pré-históricos, os dinossauros, pterossauros e outros
répteis associados, todos extintos, mas também em função de novas maneiras de
investigar os fósseis no campo e de estudar o passado da vida no laboratório.
Também pode se dizer que já passaram os dias em que o paleontólogo descrevia um
ossinho ou uma conchinha pelo prazer de lançar um novo nome científico na
literatura especializada, pois os fósseis armazenam muito mais informação do
que se imaginava antigamente.
É
claro que a descrição e identificação dos fósseis continuam importantes;
afinal, essas informações fundamentam estudos de evolução e biodiversidade do
passado e servem de base para a datação e correlação temporal das rochas
sedimentares. Mas cada fóssil também possui uma história própria, desde a morte
do organismo (animal, planta ou micróbio) até sua transformação final em
fóssil, e essa história pode revelar detalhes do paleoclima, dos ambientes
antigos de sedimentação e dos processos físico-químicos que afetaram os
sedimentos desde sua deposição.
Novas
tecnologias, principalmente na área da "paleontologia molecular", têm
propiciado avanços impressionantes em nossa compreensão dos princípios de vida
na Terra e da cronologia das inovações evolutivas subseqüentes. Por exemplo, a
variação em átomos de carbono em grafite mineral com idade de 3,8 bilhões de
anos sugere que a vida é tão antiga quanto ao registro de material geológico
terrestre (um pouco mais que 4 bilhões de anos)(FAIRCHILD, 2008).
2. PERCURSO METODOLOGICO
Ao desenvolvermos este
trabalho, utilizamos do cotejamento da literatura encontrada sobre o assunto
juntamente com diálogos com alunos e professores visando investigar o que tem sido tratado sobre Paleontologia em
sala de aula bem como o que tem sido visto e comentado sobre o assunto, veiculado
pela mídia. Abordamos, primeiramente, a importância da Paleontologia enquanto ciência,
o desafio de seu ensino no Brasil atual
e a relação do professor e do aluno com os conhecimentos midiáticos focando
principalmente o audiovisual (seriados, filmes e novelas de televisão).
Destacamos
também a relevância destes conhecimentos na área cientifica, educacional,
bioética, multidisciplinaridade, bem
como as possibilidades de saída a campo e aulas práticas para desenvolver a
aprendizagem dos estudantes. .
3. DESENVOLVIMENTO
A mídia e a Paleontologia
Mesmo sendo
a escola o espaço educacional padrão, não podemos esquecer a grande influência
de outros campos de aprendizagem que estão entrando na vida dos estudantes
através dos meios de comunicação em massa, que devem ser considerados quando se deseja preparar uma estratégia de
educação (Machado & Gonçalves, 2005). Concentraremos nossos olhares sobre a
relação da mídia audiovisual (cinema, seriados e novelas de TV) com nossos
educandos e nossos educadores.
Afinal quando olhamos para trás e procuramos identificar, na
história, os acontecimentos de uma época, em que ainda não dominávamos a
escrita, nos sentimos um tanto quanto perdidos ou confusos. A Pré-História,
apesar de esquadrinhada por cientistas especializados (como os paleontólogos),
ainda constitui um grande mistério para a humanidade. E, quanto mais
pesquisamos e descobrimos, mais curiosos ficamos.
O cinema e outros audiovisuais como seriados e novelas de
televisão são uma das melhores formas de percebermos essa enorme sede de
conhecimentos, que possuímos a respeito da Pré-História. Tivemos várias
produções de destaque revelando essa fixação, essa verdadeira obsessão por
dados e informações relevantes acerca desse período (MACHADO, 2010).
Histórias sobre dinossauros existem
desde que as pessoas observaram tanto suas
pegadas quanto os fósseis. Alguns pesquisadores sugerem que lendas de animais
gigantes e dragões têm origem na descoberta de ossos e pegadas de dinossauros (Sanz,
2002). Existem também pinturas em cavernas que parecem retratar dinossauros
bípedes. Uma equipe de antropólogos acredita que os Kung, ou San, da África do Norte
criaram essas imagens com base em um esqueleto fossilizado e um conjunto de
pegadas (Ellenberger, 2005).
A primeira aparição de dinossauro no
cinema foi feita logo após o desenvolvimento dos filmes. Um dos primeiros
filmes de animação tinha como principal intérprete um dinossauro, de cauda e
pescoço compridos, que se chamava Gertie. Este dinossauro saurópode desfilou
nos ecrãs a preto-e-branco pela mão de Winsor McCay, em 1914. Os primeiros filmes de dinossauros apareceram,
portanto entre 1910 e 1930. Um deles foi “O Mundo Perdido”, baseado em um livro
de Sir Arthur Conan Doyle. Os desenhos animados de dinossauros apareceram por
volta da mesma época. Em 1940, a Disney lançou seu filme “Fantasia”, que
utilizou “O ritual da primavera”, de Igor Stravinsky, como fundo musical para a
vida e extinção dos dinossauros.
E, já nestas produções, podemos
constatar erros científicos primários. Com exceção de “Fantasia”, a
maioria desses filmes mostrava encontros de humanos com dinossauros. As personagens
faziam viagem no tempo para chegarem à idade dos dinossauros, ou descobriam
lugares desconhecidos nos quais os dinossauros sobreviveram.
Os
dinossauros tiveram um grandioso aumento em sua popularidade após o lançamento
em 1993 de Jurassic Park ou Parque dos Dinossauros, como ficou intitulado no
Brasil, filme estadunidense dirigido por Steven Spilberg e baseado em livro homônimo
escrito por Michael Crichton.
Apesar
de o título do filme se referir ao período Jurássico, a
maioria dos dinossauros que aparecem nele pertenciam ao Cretáceo. O roteiro reconhece isso quando o Dr.
Grant descreve a ferocidade do Velociraptor a um menino, dizendo: "Tente
se imaginar no período Cretáceo..."
Dinossauros
também são os personagens principais de mais duas produções dos estúdios
Disney. Família Dinossauro (1991) usa uma cômica família de dinossauros
humanizada, a Silva Sauro, vivendo em um cotidiano que serve de pretexto para
inúmeras crônicas e sátiras aos hábitos e costumes da classe média. Alguns
episódios deste seriado são interessantes, como as referências ao continente
“Pangéia”. Dinossauros (Dinosaur, 2000) é uma experiência visual da Disney,
misturando cenários reais com animais em computação gráfica. Mostra o declínio
das espécies, após a queda na Terra do asteróide que muitos cientistas
acreditam ser o responsável por sua extinção. Mostra também a relação dos
dinossauros com os seus filhotes e as outras espécies que viviam no planeta na
época. A aventura de Aladar e sua “família”, depois da queda do asteróide, tem
como pano de fundo as mudanças no planeta. As cenas da queda do asteróide são
impressionantes.
Mais modernamente e em nosso país
tivemos a novela "Morde & Assopra" da rede Globo de televisão
mostrando uma equipe de pesquisa paleontológica, fósseis (de dinossauro, é
claro) e os próprios ditos cujos em uma pouco verossímil viagem ao centro da
terra.
Fugindo do referencial dos dinossauros vamos encontrar
alguns outros filmes com referencia a paleontólogos e fósseis, entre outros
temas. . Recentemente, em 2010, o diretor Jacques Malaterre auxiliado por
consultoria científica lançou o filme "Ao, O Ultimo Neandertal"
lançando-se em um enredo que trata de assuntos relativos à paleontologia humana,
numa história que retrata a vida existente a aproximadamente 30 milhões de anos
atrás.
Incoerências
e falha quanto aos conceitos científicos nos produtos midiáticos referentes a
Paleontologia
Fazendo parte de
uma indústria que visa prioritariamente o entretenimento não existe em muitos
destes audiovisuais preocupação com fidelidade científica absoluta. Alguns
erros são mais constantes e saltam aos olhos de quem possui conhecimentos da
área. Juntar animais e/ou plantas de diferentes épocas em uma mesmo cena é um
equivoco clássico e muito repetido.
Nas histórias de hoje sobre
dinossauros, como “Jurassic Park", o DNA tem o papel fundamental para se
colocar pessoas e dinossauros frente a frente. Mas existem diversos problemas
com essa idéia:
l quando um dinossauro é fossilizado, a maioria dos seus
tecidos moles se degenera. O único depósito de DNA que fica é seus ossos - e
eles são fisicamente alterados durante o processo de fossilização;
l o DNA é destruído muito rapidamente. Encontrar um espécime
com sua seqüência de DNA completa intacta após milhões de anos é improvável;
lembora alguns pesquisadores tenham relatado que encontraram o DNA de inseto no âmbar, outros cientistas
não foram capazes de reproduzir o achado;
la possibilidade de recuperação do DNA do sangue que um
inseto sugou seria ainda mais difícil. Mesmo que o estômago de um mosquito
realmente contivesse o sangue de um dinossauro, a possibilidade de recuperação
desse sangue sem contaminá-lo com o DNA do próprio mosquito seria quase
impossível.
Por mais convincente que
o argumento do DNA preservado possa parecer, clonar dinossauros é altamente
improvável.
Outras inconsistências podem ocorrer
propositadamente como quando criaturas pré-históricas são acrescentadas de
"acessórios", que as tornam mais amedrontadoras e/ou visualmente mais
chamativas.
Características e hábitos de vida
também são alterados. Na ficção, a maioria absoluta dos dinossauros são
predadores carnívoros de uma voracidade insaciável. Na verdade, houve muitas
espécies vegetarianas e outras que se alimentavam de restos de carcaças
deixadas por predadores.
A importância dos conhecimentos de
paleontologia na área científica e educacional
Como
visto, o estudo de Paleontologia abrange o conhecimento da evolução dos seres vivos, bem como
da história geológica da Terra. Além disso, o estudo dos fósseis é uma
ferramenta fundamental para a compreensão da distribuição dos seres vivos
(biogeografia), da ecologia e da sistemática filogenética (REIS & CARVALHO,
2005).
A divulgação da Paleontologia no ensino fundamental e
médio é ainda muito pequena, já que é tida como mais a fim de museus e
universidades onde se desenvolvem pesquisas apresentadas em encontros
científicos e publicadas em revistas específicas da área. Existem ainda muitos
entraves ao bom andamento do ensino destes conhecimentos como: a) deficiência de material
didático e paradidático; b) deficiência na formação dos alunos e
professores/educadores; e c) distanciamento entre Universidade-Sociedade. Esses
elementos interagem formando um ciclo e culminando no desinteresse geral pelo
tema, sob o mito da complexidade. A deficiência no ensino e nos materiais
disponíveis causa distanciamento das crianças em relação à Paleontologia, o que
faz com que elas ignorem seus ícones e conceitos mais elementares.
Desconhecendo as informações básicas não se cria demanda
suficiente para manter museus e exposições, onde a formação escolar poderia ser
complementada. Se não há demanda, não há grande interesse dos paleontólogos
acadêmicos em gastarem parte do tempo de suas pesquisas com o desenvolvimento
de materiais complementares e exposições, ficando a Paleontologia restrita aos
laboratórios. Dessa forma, os profissionais que se formam na universidade, e
que têm contato com a Paleontologia, são estimulados a desenvolverem pesquisa e
atuarem em laboratórios, ao passo que os profissionais que atuarão diretamente
com os ensinos infantil, fundamental e médio acabam tendo apenas uma formação
paleontológica superficial, e não conseguem despertar o interesse pelo tema em
seus alunos. Voltamos, pois, ao início do ciclo (MELLO, 2005).
Em sala de aula, porém, muitas vezes, as informações a
respeito dos fósseis transmitidas pelos educadores nas escolas são limitadas ao
que se conhece através da mídia, apenas com conceitos que chamam a atenção do
público, sendo tratados, até mesmo, de maneira errada (Schwanke & Silva,
2004). E, estes conhecimentos advindos do tratamento midiático são
muitas vezes carregados, distorcidos ou manipulados conforme for o objetivo da
peça em questão. Isto acontece principalmente quando assuntos relativos a fósseis
e Paleontologia são tratados em peças ficcionais, em que muitas vezes o autor
"adapta" o conhecimento científico ao objetivo de sua obra
Então, assim como em outras áreas do conhecimento, o
desafio do professor no ensino de Paleontologia se constitui em trazer aos seus
alunos o conhecimento em questão de uma forma mais atraente e estimulante,
tornando este aprendizado mais dinâmico e diverso em suas fontes de pesquisa.
Filmes, livros, quadrinhos e toda a diversidade de material, encontrados com
grande diversidade em livrarias e locadoras de filmes, podem e devem ser
utilizados como ponto de partida de discussões as quais o professor deve
conduzir ao aprofundamento dos conceitos científicos neles encontrados.
Teoricamente, o ensino de Paleontologia no Brasil deveria
começar na educação infantil e continuar no ensino fundamental, médio e
superior. Não existem, porém indícios de uma prática continuada ou bem
estabelecida, no ensino destes conhecimentos.. No ensino Fundamental e Médio,
porém, a falta de preparação dos professores, e a utilização de livros que, em
sua maioria, abordam de forma inadequada e/ou ineficiente os conceitos de
Paleontologia ( Marques, 1999; Pereira et al. 2001; Oliveira et al 2003; Moura
&Barreto, 2003; Mello & Torello de Mello, 2005; Sarkis & Longuini,
2005).
Fosseis de Dinossauros e de Primatas
são os que normalmente atraem uma maior atenção das pessoas e também recebem um
maior tratamento pela mídia. Os dinossauros, em
especial os dinossauros não avianos, são conhecidos há mais de 150 anos e
exercem um verdadeiro fascínio sobre as pessoas. E os primatas, depois de
Darwin
(naturalista inglês que publicou o célebre livro
sobre a origem das espécies), geram interesse, pois são o grupo ao qual a nossa
espécie pertence (Kellner,2010). Desta forma o professor vai encontrar
uma grande diversidade de material de apoio sobre estas temáticas. Mais
dificuldade terá, porém, ao abordar temas relativos a Paleobotânica, o estudo
dos fósseis de plantas; Micropaleontologia, estudo
dos fósseis de organismos que necessitem de microscópio para serem visualizados
os microfósseis, por exemplo. Nestes campos nem mesmo os livros didáticos darão
algum subsidio tendo o docente da área que porventura queira trabalhar estes
conhecimentos grandes dificuldades em encontrar material adequado. Assim sendo
muitos preferem deixar de lado estas áreas e concentram-se apenas naquelas em
que a fartura de material de apoio é maior.
Os professores de ciências deveriam aproveitar o fascínio que os temas
paleontológicos exercem nos estudantes para criar ambientes e momentos
propícios para análises críticas e debates construtivos quanto às questões
relacionadas à Paleontologia
e Geologia
(SCHWANKE e SILVA, 2004) e suas relações com outras áreas do conhecimento.
Porém, atualmente a carência de recursos didáticos tem sido apontada como uma das
grandes dificuldades para o aprendizado satisfatório de ciências, tanto no
ensino fundamental, como no médio (ALVES e BARRETO, 2005). Uma das formas para
minimizar esse problema seria estimular, nos cursos de licenciatura, a inovação
de materiais e metodologias que permitam a transmissão do conhecimento
paleontológico de forma mais criativa e atraente, incentivando assim os futuros
professores (SCHWANKE,2002).
Desta forma, com criatividade e
conhecimento o professor da área pode conseguir um melhor rendimento e trazer o
conhecimento paleontológico à suas aulas de forma divertida e produtiva.
Paleontologia
e Multidisciplinaridade
A
Paleontologia em si já se constitui numa ciência multidisciplinar sendo uma
ciência dinâmica, com relações com outras áreas do conhecimento, estando
preocupada em entender como a evolução física da Terra, em termos das mudanças
na sua geografia (paleogeografia), no clima (paleoclima) e nos ecossistemas
(paleoecologia), influenciou a evolução das formas de vida pré-históricas.
Portanto, a Paleontologia é uma ciência multidisciplinar, relacionada à
Geologia, à Biologia (principalmente Zoologia e Botânica), à Ecologia e à
Oceanografia, dentre outros campos do conhecimento preocupados em estudar as
interações entre os organismos e o meio ambiente. Atualmente, a Paleontologia
preocupa-se também com a conservação do patrimônio fossilífero (Simões &
Rodrigues).
Temáticas
de Paleontologia podem e devem abranger, portanto, integração com temas de
geografia, história, física, química, biologia, etc. em um trabalho que integre
as várias áreas do conhecimento humano através desta ciência que nos mostra um
pouco do que somos e da história que nos forma e nos antecede.
Sendo
abordada em várias disciplinas as avaliações de Paleontologia estão inseridas
no contexto destas e na maioria dos casos não acontecem avaliações nos ensinos
fundamental e médio exclusivamente sobre a temática.
Paleontologia:
Saídas a campo e Aulas de Laboratório
Para a
maioria das instituições de ensino fundamental e médio, principalmente do
sistema público de ensino, fica bastante dificultados a prática de saídas a
campo ou mesmo aulas de laboratório visto a grande dificuldades destas de
obterem acesso a material fóssil ou à campos de estudos que na maioria dos casos
estão a grande distancia impossibilitando esta prática para a maioria dos
estabelecimentos de ensino de nosso país.
Desta
forma o professor das disciplinas em que os conhecimento de Paleontologia são
abordados encontra grandes dificuldades de atualização de seus conhecimentos e
quando acompanha a evolução dos conhecimentos da área é quase que totalmente
através da grande mídia e não por trabalhos ou pesquisas acadêmicas.
Dentro
deste contexto a atuação dos professores de ensino fundamental em trabalhos de
pesquisa é muito diminuta.
Bioética
na pesquisa e no ensino de Paleontologia
Assim como em outros ramos da ciência o pesquisador em
Paleontologia entra em contatos com dilemas éticos relacionados aos limites nas
suas atividades e no relacionamento dos conhecimentos científicos com valores
que estão alem do trato estritamente relacionado ao seu campo de conhecimento.
A expressão “integridade da
pesquisa” (research
integrity) vem sendo utilizada para demarcar um campo particular no
interior da ética profissional do cientista, entendida como a esfera total dos
deveres éticos a que o cientista está submetido ao realizar suas atividades
propriamente científicas. No interior dessa esfera, pode-se distinguir, por um
lado, o conjunto dos deveres derivados de valores éticos mais universais que os
especificamente científicos. São dessa natureza aqueles que compõem o campo da
chamada Bioética, derivados, por exemplo, do valor (não especificamente
científico) que é o respeito à integridade física, psicológica e moral dos
seres humanos e do interdito (não especificamente científico) de submeter
animais a tratamento cruel. É enquanto pesquisador que um cientista se
relaciona com os sujeitos e as cobaias de seus experimentos, mas não é por ser um pesquisador que
ele deve preservar os direitos dos sujeitos de seus experimentos ou deve
ponderar, no planejamento desses experimentos, o possível sofrimento de suas
cobaias (Santos, 2011).
Por outro lado, a ética
profissional do cientista inclui um conjunto de deveres derivados de valores
éticos especificamente científicos, isto é, valores que se impõem ao
cientista em
virtude de seu compromisso com a própria finalidade de sua profissão: a
construção coletiva da ciência como um patrimônio coletivo. O
princípio desse campo particular da ética profissional é: ao exercer suas
atividades científicas, um pesquisador deve sempre visar a contribuir para a
construção coletiva da ciência como um patrimônio coletivo, deve abster-se de
agir, intencionalmente ou por negligência, de modo a impedir ou prejudicar o
trabalho coletivo de construção da ciência e a apropriação coletiva de seus resultados
(Santos 2011).
Assim como o cientista o docente
enfrentará em sala de aula dilemas éticos relativos ao ensino desta disciplina.
Um desses desafios é a necessidade de, ao abordar temas que geram polemica
religiosa e entram em confronto com crenças empíricas de seus alunos. Ao tratar
assuntos como fosseis e a evolução dos seres vivos o professor deverá fazê-lo
mostrando a realidade do conhecimento científico sem distorções, concessões ou
"abrandamentos", devendo mostrar a diferença do conhecimento
científico, que lida com construções de lógica, pesquisa e comprovação por
experimentação, frente ao conhecimento teológica, que baseia-se fundamentalmente
na fé e no lado emocional do ser humano.
A construção de uma bioética no
ensino conduz-nos a forma como devemos encará-la dentro do currículo escolar: A inserção da Bioética, nas propostas
curriculares, não está voltada para o ensino da virtude, na sociedade do
conhecimento, mas para o desenvolvimento das competências para ser virtuoso,
para viver e conviver com solidariedade. A inserção da Bioética opõe-se à
educação que privilegia o ensino tecnicista e que desconsidera o valor da
formação humana. Agora, é possível que se direcione a educação para a
sensibilidade e para o pensamento reflexivo, crítico e criativo (BRAGA, 2010).
Desta forma teremos a bioética como uma auxiliar do professor na tarefa de
construir um pensamento científico em seus alunos que não esteja desvinculado
de valores de responsabilidade social e humana.
Dentro da Paleontologia bem como em
outros segmentos das ciências de um docente preparado ao desafio de educar em
épocas de informações instantâneas e estimulo exagerado à competitividade. Vivemos, hoje, em uma sociedade
informacional; isto requer uma formação intercultural e global quanto aos
conhecimentos e valores. A Educação na sociedade da informação e do
conhecimento deve basear-se na utilização de habilidades comunicativas, de modo
a capacitar a pessoa a participar de forma critica e reflexiva, elaborando
argumentos e formas de interagir na sociedade (Braga, 2010).
.4. CONCLUSÃO
Ao final de nosso estudo podemos constar da importância
fundamental dos conceitos e conhecimentos de Paleontologia para a construção de
todo o pensamento cientifico dos estudantes do ensino fundamental e médio e
como ainda existem dificuldades e barreiras para que o profissional docente
possa implementar da melhor forma o ensino desta disciplina.
Constatamos do contato que existe e
do debate gerado pelo contato de nossos alunos com conceitos de Paleontologia
divulgados em peças ficcionais de grande divulgação midiática. Soubemos também
que existe, nestas peças, uma maior
exploração de alguns temas enquanto outros escapam de qualquer visualização.
Notamos que nem sempre existe nos produtores destes audiovisuais preocupação
com um bom embasamento científico existido conceitos aí divulgados que carecem
de serem debatidos e esclarecidos pelo professor ao tratar destes com seus
alunos.
Apesar disto percebemos estes
materiais audiovisuais como de importância fundamental para utilização como
forma de trazer os assuntos de Paleontologia ao público discente de uma forma
mais descontraída e próxima a sua realidade.
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