Percorre a rua deserta torcendo com todas as forças para que assim continue. No beco escuro após muitos olhares de soslaio busca o local onde sabe um ponto cego das câmeras de segurança que vasculham toda a metrópole. Desaparece sob a tampa de um bueiro. Desce escadas.
Num pequeno
local escuro e úmido encontra os outros já reunidos. Saúda-os e recebe suas
saudações. Enquanto abre sua pasta sente os olhares ansiosos e a tensão de seus
camaradas. Retira uma caixinha com marcas de bastante idade de entre um
embrulho com panos. A tensão cresce. Respirações cada vez mais ofegantes.
Aberta a caixa retira o objeto que é admirado com ares de sagrado.
- Pessoal, esta
é uma caneta, diretamente do século XXI, vai ser de ajuda fundamental para
nossa causa.
Todos observam o
objeto, tubo que já fora transparente com marcas de quebradiço e tampa azul com
marcas de mordida.
- Ajuda
fundamental em nossa luta.
Emociona-se como
os outros demasiadamente. Todos sabem que a comunicação digital, holográfica e
outras formas tecnológicas é totalmente controlada pelo grupo gestor do
sistema. Gráficas e impressões, mesmo as domésticas também são rigidamente
vigiadas pelo robô central.
-Vamos tentar
desenhar os bilhetes.
O trabalho é
árduo, pois embora conheçam as letras ninguém do grupo nunca escreveu de forma
manuscrita. E não podem deixar digitais no papel.
Após muito
trabalho sai o primeiro manifesto. Reproduzi-lo já fica mais fácil e as cópias
vão surgindo. Havendo certo número dividem e com recomendações de cuidados saem
um a um.
Sai por ultimo e
com o crescente da tensão vai à busca de alguma região de grande concentração de
operários para lançar a voz de protesto e convocação a luta presente no
bilhete.
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